segunda-feira, 29 de junho de 2009


O espelho


E como eu passasse por diante do espelho

Não vi meu quarto com as suas estantes

Nem este meu rosto

Onde escorre o tempo.


Vi primeiro uns retratos na parede:

Janelas onde olham avós hirsutos

E as vovozinhas de saia-balão

Como pára-quedistas às avessas que subissem do fundo do tempo.


O relógio marcava a hora

Mas não dizia o dia. O tempo,

Desconcertado,

Estava parado.


Sim,estava parado

Em cima do telhado...

Como um catavento que perdeu as asas!



Mário Quintana in Nova Antologia Poética

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